Se meu apartamento falasse





Se meu apartamento falasse (The Apartment)
EUA, 1960. De Billy Wilder. Com Jack Lemmon e Shirley MacLaine. Cinco Oscars: filme, diretor, roteiro original, direção de arte p&b e edição.

"Quando se ama um homem casado, não se usa maquiagem." Fran


Jack Lemmon é um funcionário de uma companhia de seguros que acaba emprestando a chave do seu apartamento para um executivo da empresa ter um encontro. Como uma bola de neve, os outros funcionários vêem naquele apartamento o mapa da mina, o que faz sua chave passar de mão em mão. Ele não tem como dizer não ao chefe e acredita que com isso possa ganhar uma promoção no trabalho.

Um filme 100% Billy Wilder. Aliás, o seu predileto. Assisti várias vezes na tevê aberta, no tempo da Sessão Coruja. O roteiro do filme foi escrito durante as filmagens e editado em uma semana. Em 1960 ainda não se podia fazer um filme que girasse em torno de um apartamento onde homens casados recebem suas amantes. O adultério, que também foi tema de O Pecado Mora ao Lado, era um assunto proibido na conservadora sociedade americana. Mas Billy Wilder já estava acostumado a driblar os conservadores. Tudo é muito sutil, como a Censura da época exigia. Eu gosto de filmes com beijos técnicos e em que quando um homem e uma mulher vão para a cama, a câmera se volta delicadamente para a janela do quarto do casal. Os filmes de hoje dão pouco espaço para a imaginação. Aliás, nenhum.

Para mostrar como a empresa é impessoal, o diretor montou um escritório gigantesco, com centenas de funcionários e, para dar noção de profundidade, as últimas mesas eram bem pequenas e foram usados anões para a figuração. Jack Lemmon tinha exatamente o que Billy Wilder precisava, o rosto de um homem comum. Se eu tivesse que escolher uma palavra para definir o ator, seria enternecedor. Tony Curtis queria fazer o papel, mas era "bonito demais". Shirley é Fran, a moça do elevador por quem ele é apaixonado. Tinha 26 anos, está ótima e seu corte do seu cabelo é bastante copiável. Olha a coincidência: Se Meu Apartamento... foi o último filme p&b a ganhar o Oscar até A Lista de Schindler, que... Billy Wilder, já afastado do cinema estava querendo muito dirigir .

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Um comentário:

Tina Lopes disse...

Bons tempos em que se escolhia o ator por ter uma cara mais comum. Hoje tem gente linda demais fazendo papel de comum, e daí fica aquela coisa, "esse cara nunca ia ser tão looser com essa beleza toda". Ou sabendo que o ator nunca ia passar despercebido na vida real. Enfim. Adoro Shirley McLaine, quando vi esse filme era criança e quis cortar o cabelo igual.