Clube da Luta





Fight Club EUA, 1999. De David Fincher. Baseado no livro homônino de Chuck Palahniuk. Com Edward Norton, Brad Pitt e Helena Bonham Carter (também conhecida com Mrs.Tim Burton)




Quando você tem insônia, você nunca está realmente dormindo, e você nunca está realmente acordado. Jack



Jack (Norton) é um executivo de uma empresa de seguros de automóveis. Ele tem um insônia e é capaz de ficar até quatro dias sem dormir. Seu médico então aconselha que ele comece a freqüentar (vou ficar um pouco mais curtindo a trema)lugares onde pessoas realmente sofrem, como por exemplo, reuniões de homens com câncer no pênis. Isso. O objetivo é fazê-lo minimizar seu problema, se sentir vivo , com isso, conseguir dormir.

Numa das sessões ele conhece uma mulher louquíssima (Carter,a cara da Fernanda Young) que também tem hábito de bater ponto nesses lugares, porque "é mais barato do que ir ao cinema, e a gente ainda toma café de graça". Jack começa a freqüentar outros grupos também, de tuberculosos e de doentes em fase terminal.

Viaja muito e num dos voos (agora sem ^) conhece Tyler (Pitt), um fabricante de sabonetes. Fica entusiasmado com a personalidade do desconhecido, e quando seu apartamento explode atingido por uma bomba caseira, ele vai morar na casa de Tyler, uma espelunca que já foi uma mansão. Um dia começam a lutar na rua, e resolvem criar um clube de homens que sentem prazer em lutar, e quanto mais socos melhor.

Jack se entrega àquilo e começa a aparecer no trabalho com o rosto machucado e sangue nas roupas, o que deixa seu chefe com a pulga atrás da orelha. O resto não pode contar. Há quem odeie o filme e quem ame. É violentíssimo, mas muito bem dirigido e fotografado. Do mesmo diretor de Se7en. Edward Norton (sempre excelente) e Brad Pitt (sempre lindo) realmente aprenderam a fazer sabonetes para entrar no clima do filme.

(Na verdade Brad Pitt também está ótimo. Além disso, é um dos papéis que ele mais gostou de fazer no cinema. Ou o mais.)

Em São Paulo, um estudante de medicina começou a disparar uma metralhadora durante a sessão do filme.



REGRAS DO CLUBE DA LUTA


1) Você não fala sobre Clube da Luta.
2) Você não fala sobre Clube da Luta.
3) Quando alguém disser "pare" ou perder os sentidos a luta acaba.
4) Só dois caras em cada luta.
5) Uma luta de cada vez.
6) Sem camisa, sam sapatos.
7) As lutas duram o tempo que for necessário.
8) Se essa é a sua primeira noite no Clube da Luta, você tem que lutar.

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Brad Pitt


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Será que ele é?




Deslizando de meias pela casa.

2. In & Out EUA, 1997. De Frank Oz. Com Kevin Kline, Joan Cusak, Matt Dillon, Debbie Reynolds e Tom Selleck. Participações especiais: Glenn Close, Woopi Goldberg e Jay Leno.

"I'm gay!"


Quando Tom Hanks recebeu o Oscar de melhor ator por Filadélfia, mencionou e agradeceu seu antigo professor, assumidamente homossexual. Esta história já conhecida, inspirou Paul Rudnick a criar o roteiro desse filme superdelicioso.

O famoso ator Cameron Drake (Dillon), criado numa cidadezinha americana, é candidato ao Oscar. No dia da premiação, seus antigos amigos se reunem em frente a TV, na torcida. Quando ele recebe a estatueta, agradece ao seu ex-professor de literatura (Kline), revelando que ele é gay. Sua noiva (Cusak - hilária) e toda a vizinhança se surpreendem com a notícia, inclusive ele próprio, que tenta inutilmente provar que o rapaz está equivocado.

O Oscar que aparece no filme pertence a Kevin Kline, que ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante por Um Peixe Chamado Wanda. O filme foi escrito para Steve Martin, o que dá pra perceber, principalmente na hora que o personagem principal faz mil trejeitos enquanto ouve a fita "How To Be a Man".

Fique ligado, quando os créditos finais aparecem na tela, o elenco do filme dança ao som de "Macho Man".

UAU A cena corajosa em que Tom Selleck, que ficou conhecido com o durão Magnum, dá um longo beijo na boca de Kevin Kline.

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Quero ser Grande




Deslizando de meias pela casa

Sabe aquele filme que te dá uma tremenda sensação de bem-estar? Os americanos chamam de "feel good movies". Prefira ao Lexotan.

1. Quero ser grande
Big. Eua, 1988. De Penny Marshall. Com Tom Hanks, David Moscow, Mercedes Ruehl e John Heard.

Josh (Moskow/Hanks), um menino de 12 anos, pede para ser adulto à uma máquina dos desejos de um parque de diversões e seu pedido é realizado. Completamente inexperiente em matéria de trabalho e relacionamentos amorosos, acaba conseguindo um emprego em uma fábrica de brinquedos, e uma namorada. A cena de Hanks tocando piano com os pés foi considerada pelos críticos americanos como uma das mais mágicas do cinema, só perdendo para a bicicleta e a lua, em ET. Para que Tom Hanks soubesse se comportar como uma criança, a diretora gravou o filme inteiro só com o menino, para que ele analisasse o comportamento infantil.

Spielberg ia dirigir o filme, com Harrison Ford no papel principal. Mas Tom se saiu muito bem e ganhou o Globo de Ouro de melhor ator.

A diretora convidou primeiro Robert De Niro, que pediu muita grana para fazer o filme. Depois tentou Jeff Bridges, que recusou o papel.
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Martin Scorsese


Fred Gwynne




A criatura de parafuso no pescoço

Nunca pensei nele como alguém que tivesse um rosto ou um nome. Para mim, ele a criação de Frankstein em Os Monstros. E pronto. O ator ficou 2 anos no seriado, que entrou em decadência com a estréia de Batman. Se sentiu aliviado ao abandonar o papel, mas demorou muito para se livrar dessa marca. Muitos anos depois, começou a fazer filmes bem conhecidos, como La Luna, Cotton Club, e Atração Fatal. Nossa, eu teria que ver tudo de novo pra saber onde ele aparece. Também era caricaturista e desenhista. Na escola, fazia fanzines com seu colega de classe, John Updike.

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All That Jazz - o Show deve Continuar




All That Jazz
EUA, 1979. De Bob Fosse. Com Roy Scheider, Jessica Lange, Ann Reinking, Leland Palmer e Cliff Gorman. Quatro Oscars. Dividiu a Palma de Ouro, em Cannes, com Kagemusha, a Sombra do Samurai, de Kurosawa.



Bye bye, life. Bye bye hapiness. Joe


All That Jazz é um filme de despedida, feito por Bob Fosse para Bob Fosse. O cineasta, após ter tido um ataque cardíaco, resolveu se despedir da vida fazendo um musical autobiográfico.

Enquanto estava hospitalizado, Fosse teve um sonho no qual tentava explicar à filha como era morrer. "Eu me vi fazendo isso com titmo. Eu cantava uma canção pra ela chamada 'Cada vez que meu coração bate'. Vi o número sobre morrer claramente, E pensei: mesmo enquanto estou morrendo estou trabalhando, estou tentando transformar isto num musical."

A vida é estar na corda bamba. O resto é só espera. Joe



Joe Gideon (Roy Scheider - a cara de Bob Fosse) é um diretor de cinema que está editando seu filme e, ao mesmo tempo, ensaiando um musical. Quando sofre um enfarte e fica de cara com a morte, relembra coisas que aconteceram em sua vida, e que servem de inspiração para seus números musicais. Mesmo para quem não gosta do gênero, All That Jazz é atraente e crítico, mostrando com acidez os bastidores do showbiz.


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Comidinha Compre um pão preto, de preferência do tipo alemão, e recheie com uma boa fatia de queijo brie, pêra fatiada, e um pouco de amêndoas cortadas finas. Acompanhe com cerveja gelada ou vinho tinto. O chileno Los Boldos é pedida razoável e barata.
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Robert de Niro


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Dustin Hoffman / Audi A6


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Longe do Paraíso




Far from Heaven
EUA, 2002. Roteiro e direção de Todd Haynes. Com Julianne Moore, Dennis Quaid e Dennis Haysbert.


Deus abençoe a América, terra da liberdade.


Assisti esse filme depois de assistir David Lynch, então achei certinho demais. OK, é pra ser certinho, trata-se de uma homenagem ao cinema de Douglas Sirk. Em comum com o diretor de Veludo Azul, temos a aparente tranqüilidade das coisas: a vida de Julianne Moore é quase bliss, a casa impecável, organizada, amigas para o chá, folhas douradas de outono colorindo o jardim. Mas por trás do paraíso se escondem os segredos, preconceitos e toda a hipocrisia do final da década de 50.

Quando Julianne Moore descobre que o marido gosta de rapazes (Dennis Quaid - péssimo), o abalo vem seguido de uma rápida resignação. Mas a vida se torma insustentável quando ela se envolve emocionalmente com um homem negro ( Dennis Haysbert), em uma época que o racismo reinava absoluto.

Enquanto escrevia, o co-roteirista Todd Haynes, pensou o tempo inteiro em Julianne Moore. A atriz estava grávida quando aceitou estrelar Longe do Paraíso.
O bonitão George Clooney e Steven Soderbergh, diretor de Traffic, são os produtores do filme .

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O cineasta

Rei da cocada dos filmes alternativos americanos, Todd Haynes rodou The Karen Carpenter Story, representado só por bonecas Barbie. Depois dirigiu Velvet Goldmine, ambientado nos anos 70 do rock. Ewan McGregor aparece peladão, num papel inspirado em Mick Jagger. David Bowie proibiu qualquer citação ao seu nome, já que na história havia uma insinuação de um caso entre ele e o rolling stone. Dizem, mas não provam, que os dois roqueiros foram flagrados na cama por Angela, mulher de Bowie, e Mick Jagger acabou compondo Angie.

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A música

Elmer Bernstein compôs mais de 150 trilhas sonoras nos seus 50 anos dedicados ao cinema. Teve 13 indicações para o Oscar, e levou apenas uma estatuueta, por Positivamente Millie, de George Roy Hill. A música de Bernstein esteve presente nos mais importantes filmes da telona, de Cecil B. Mille a Martin Scorsese.

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Foto: IMDB. Julianne, Todd Haynes, Dennis e Dennis.
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Annie Hall


Grandes finais do cinema




Meu final predileto.
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Lua de papel




(Paper Moon)EUA, 1973. Com Ryan O'Neal, Tatum O'Neal e Madeline Kahn.

Embora o filme tenha sido rodado no início dos anos 70, seu sabor continua o mesmo. O diretor concorda que Lua de Papel não ficou datado "porque ele já era, de certa forma, um filme à antiga." Moses Pray (Ryan O'Neal) é um trambiqueiro que vende Bíblias de luxo para mulheres recém-viúvas. Entre um golpe e outro, ele conhece Addie (Tatum), uma garotinha de 9 anos, malandra, que fuma um cigarro atrás do outro (na verdade, cigarros de alface)e é mestre na arte de enganar as pessoas. O filme é um bálsamo, ainda mais quando se pensa em A Malandrinha, O Pestinha, e a exurrada de comédias chatíssimas feitas com crianças.

Tatum O'Neal ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante. Paul Newman chegou a ser sondado para ser o protagonista. Peter Bogdanovich não tinha certeza quanto ao título, e pediu a opinião de seu amigo Orson Welles. "O título é tão bom que basta ele, você nem precisa fazer o filme", respondeu o cineasta.

Na sua autobiografia, Tatum conta que foi espancada pelo pai quando ele soube que ela tinha sido indicada ao Oscar. Lembra também da orgia que participou aos doze anos, levada por Melanie Griffith, na época namorada de Ryan O'Neal.

A vida real é um balde de água fria, às vezes.

Utube: Tatum recebendo o Oscar.

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O Último Tango em Paris




(Ultimo Tango a Parigi)
França, 1972. De Bernardo Bertolucci. Com Marlon Brando e Maria Schneider

Your hapiness is my hap-penis. Paul


Um dos filmes mais escandalosos e polêmicos do cinema contemporâneo, O Último Tango em Paris é na verdade um filme de amor, inquietante e triste, embalado pela nostálgica trilha de Gato Barbieri. Não é de se estranhar que Bertolucci tenha sido um famoso poeta na Itália antes de se dedicar ao cinema.

Paul (Brando), um americano atormentado pelo suicídio de sua mulher, e uma jovem atriz francesa (Schneider), se encontram por acaso num apartamento vazio. Dispostos a manter segredo sobre suas vidas, e até seus nomes, se envolvem num jogo psicológico e sexual. O Último Tango só foi liberado no Brasil sete anos depois de ser lançado - o brasileiro não podia ter acesso à pornografia, como o filme era definido pelos censores.

A Itália se portou de maneira ainda mais radical, quando em 1976 a Corte de Roma declarou que Bertolucci era obsceno, e que tanto ele quanto o produtor e os atores do filme, poderiam acabar atrás das grades, caso aparecessem na cidade. Brando - uma interpretação extraordinária, usando dezenas de cacos e falando de si mesmo* - foi indicado para o Oscar, perdendo para Jack Lemmon, por Sonhos do Passado. O filme concorreu ainda na categoria de melhor diretor. Maria Schneider, envolvida com drogas, e com facilidade para engordar, desapareceu das telas. Não antes de atuar em O Passageiro - Profissão: Repórter, de Antonioni.

* Utube

"Get the butter"



"Vou falar-lhe de segredos de família, essa sagrada instituição que pretende incutir virtude em selvagens. Repita o que vou dizer: sagrada família, teto de bons cidadãos. Diga! As crianças são torturadas até mentirem. A vontade é esmagada pela repressão. A liberdade é assassinada pelo egoísmo. Família, porra de família!"


(Paul, durante a famosa "cena da manteiga")

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Com lágrimas nos olhos, me ocorre o pensamento de que no próprio ato de morrer Marlon Brando tornou-se imortal. Mas talvez ele já fosse imortal naquela época, em Paris, na Pont de Passy. Isso é certamente o que toda a equipe de O Último Tango em Paris achava, hipnotizada por sua presença. Nenhum de nós tinha encontrado uma lenda viva como ele, e, para os amantes do cinema ele era talvez a única lenda que verdadeiramente já existiu. Eu me lembro da primeira cena que filmamos. Eu gritei "OK, está bom", mas o operador de câmera, Umetelli, vermelho de vergonha, sussurrou: "Desculpe, Assim que vi Brando através da câmera, fiquei paralisado, só olhando pra ele." Tivemos de filmar a cena de novo. No Actor's Studio, ele aprendeu melhor do que ninguém como se transformar em outra pessoa, um revolucionário mexicano, um Hell's Angel, um estivador de Nova York, um rio, ou uma árvore. No cinema, um ator muitas vezes precisa realmente entrar na pele de outra pessoa. Mas eu pedi a ele para fazer o posto: trazer para sua atuação toda experiência da sua vida, como homem e como ator. Quando terminamos de filmar, ele me disse: "Nunca vou fazer um filme como esse de novo. Eu não gosto muito de atuar mesmo, mas isso foi muito pior. Do começo ao fim me senti violentado. Detalhes íntimos da minha vida, até sobre meus filhos, foram arrancados de mim e expostos para o mundo." Depois disso, ele parou de falar comigo por mais ou menos 12 anos e me fez sofrer terrivelmente, fazendo com que eu duvidasse seriamente de mim mesmo e do meu trabalho. Então um dia liguei para ele, e ele me segurou no telefone por duas horas. Tínhamos começado a nos falar novamente, como fazíamos antes, e tínhamos muito o que falar. Marlon era diabolicamente curioso a respeito de tudo. A última vez que o vi foi há vários anos, na casa dele, em Mulholland Drive, às duas horas da tarde. Nós falamos e falamos, e logo já eram oito horas, a noite tinha caído. Na escuridão, eu perguntei se ele jamais tinha percebido o quanto eu o amava.

(Bernardo Bertolucci, para o site da BBC)
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Comentário: Beth S.

Filme lindissimo e perturbador. Li uma entrevista da Maria Schneider ano passado, onde ela diz que a 'cena da manteiga' não estava no roteiro e foi proposta por Brando. Ela soube apenas em cima da hora de rodar, e quando aconteceu se sentiu profundamente humilhada... que chorou muito, as lágrimas da cena eram verdadeiras. Ela diz: "Se eu pudesse voltar no tempo, teria dito não.Ninguém pode forçar alguém a fazer algo que não está no script. Mas eu não sabia isso. Eu era muito jovem".
A entrevista está aqui. Que bom que esse blog voltou, hein?
Beijos!

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