Catherine Zeta Jones


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Algumas coisas sobre a noviça rebelde


Yul Brynner, Sean Connery e Richard Burton foram considerados para viver o capitão von Trapp. E Doris Day para interpretar Maria.
Julie Andrews torceu o pé em todas as cenas na seqüência de abertura, quando salta do helicóptero.
Christopher Plummer odiou o final do filme, que chamava de The Sound of Mucus".
Von Trapp realmente existiu e, segundo seu sobrinho, era o cara mais chato do planeta.

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Roberto Carlos em ritmo de aventura


A música e o cinema 15



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De Orson Welles para Vinícius de Moraes





*clique na imagem para aumentar.

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Vicky Cristina Barcelona




Scarlett came to me today with one of those questions actors ask, “What’s my motivation?” I shot back, “Your salary.”

O diário de Woody Allen


Valeu ;)



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Ashton Kutcher


A música e o cinema 14




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Títulos de filmes




Tarantino, aficcionado pelo cinema francês, sempre gostou do filme "Au revoir les enfants", de Louis Malle, ao qual sempre se referia como "o filme do Au revoir". Também gostava muito de Straw Dogs (Sob o domínio do medo), de Sam Peckinpah. Por isso o título de seu primeiro filme, "Reservoir Dogs" (Cães de aluguel), homenageando os dois diretores. Gracias, MaryVi.

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Filmes recusados


Barbra Streisand não quis ser a protagonista de Cabaré, A noite dos desesperados e Klute. Jane Fonda não aceitou fazer Dr. Jivago. O papel foi interpretado por Julie Christie. Tom Cruise dispensou Edward mãos de Tesoura. Meryl Streep não aceitou viver a personagem que coube a Cher, em As Bruxas de Eastweek. Demi Moore deixou para Sandra Bullock o blockbuster Enquanto você dormia. Madonna achou o roteiro de Susan e os Bakers boys piegas demais e Michelle Pfeiffer ficou com a personagem. Jane Fonda dispensou todos os papéis em filmes onde contracenaria com Jack Nicholson, como por exemplo, Um Estranho no Ninho. Marlon Brando deixou Coração Satânico para Robert De Niro. No roteiro o personagem fica o tempo todo sentado porque Alan Parker sabia que Brando estava gordo demais para andar de um lado para o outro. Edward Norton não quis ficar com o papel principal de O Resgate do Soldado Ryan.

COMENTÁRIOS


Lola Aronovich: E TODOS os astros de Hollywood recusaram o papel do escritor acidentado em Louca Obsessão (Misery), aquele que deu o Oscar a Kathy Bates. William Hurt, Robert Redford, Warren Beatty, Al Pacino, Richard Dreyfuss etc etc. Finalmente o James Caan topou. Um filme em que uma mulher controla a situação e a vítima fica à mercê dela na cama? Isso não é másculo o suficiente! Ai, preciso escrever mais sobre Misery, que é um filme que eu gosto mais e mais a cada vez que assisto.



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Jules e Jim - uma mulher para dois




(Jules et Jim)
França, 1962. De François Truffaut. Com Jeanne Moreaus, Oskar Werner e Henri Serre.

"Em um casamento, basta um ser fiel, o outro."


Trinta anos de um charmoso triângulo amoroso. Em 1912, dois escritores se conhecem na belle époque de Paris e ficam amigos. Algum tempo depois surge Catherine, que se torna amante de ambos. Mais tarde decide se casar com Jules, apesar de continuar a manter o romance com Jim. Sem rivalidades, os três tentam manter o amor e a amizade que permeiam toda a história. A personagem vivida por Jeanne Moreau é determinada e moderna, movendo-se de acordo com seus desejos. Truffaut dispensou os recursos típicos para marcar a passagem do tempo. Deixou de lado os truques de maquiagem, preferindo optar por recursos cenográficos e as mudanças na arte de Picasso. Uau.

Quando Jeanne Moreau canta, ela erra um pedaço da música e faz um gesto para mostrar que se confundiu. Ficou tão bacana que Truffaut não refilmou a cena. O cineasta desconfiava que "a moral e os bons costumes" iriam prejudicar a história de um triângulo amoroso sem culpas. Seu receio se confirmou quando o filme foi censurado para menores de 18 anos, prejudicando a carreira comercial de Jules e Jim.

Na Itália, o filme foi proibido, mas, graças à mobilização de cineastas do top de Roberto Rossellini, a proibição foi revogada. Durante as filmagens, Truffaut se apaixonou por Jeanne Moreau.

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Semana David Lynch - epílogo


O cinema e a música 13

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O blog do David Lynch


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Entre por aqui.



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Em águas profundas


O futuro do cinema

"O nosso modo de ver os filmes está mudando. O vídeo iPod e os vídeos online estão mudando tudo. As pessoas assistirão aos filmes em pequenas telas e não nas grandes. E a boa notícia: pelo menos terão seus headphones. Talvez o som acabe sendo muito mais importante. Mas se poderá plugar o iPod em alguma coisa e exibir a imagem em grandes telas na própria casa, com um maravilhoso sistema de som e a tranqüilidade necessária para entrar no mundo exibido na tela.

A verdade é que, quando as cortinas se abrem e as luzes se apagam, temos que estar preparados para entrar nesse mundo. E isso está ficando cada vez mais difícil. O público fala demais nos cinemas. E lá está um filmezinho ordinário. Como é que se pode viver essa experiência?

Acho que o caminho ainda é difícil. Mas abre-se uma possibilidade para filmes muito bons - sem arranhões, sujeira, marcas d'água e rasgões - e com uma imagem que poderá ser controlada de diversas maneiras. Se você for cuidadoso na forma de exibir o filme, isso poderá se tornar uma experiência que o levará a um outro mundo. Ainda estamos trabalhando para que isso aconteça. Mas o digital está aí; o iPod está aí; só temos que aceitar e seguir a corrente."

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A casa de David Lynch


Los Angeles


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Cidade dos sonhos




(Mulholland Drive)
EUA, 2001 • Direção de David Lynch. Com Justin Theroux, Naomi Watts, Betty Elms, Laura Harring e Ann Miller.



“Todo sonho é a realização de um desejo.” Freud


Rita escapa de um acidente de carro na Mulholland Drive, Los Angeles, perde a memória e se refugia no prédio onde mora Betty, uma aspirante a atriz que acaba ajudando a mulher.

David Lynch resolveu dirigir Cidade dos Sonhos depois de ter oferecido o roteiro à rede ABC em forma de seriado e ver seu projeto* rejeitado pelos produtores. Que bom. Fiquei vidrada na cadeira e, como não confio no diretor, de vez em quando tapava os olhos com as mãos e assistia pelas frestinhas. Apesar das cenas de humor, esqueça as pipocas. O filme é tenso e a trilha acidental é de arrepiar. Chega um momento em que você pensa que não vai compreender o final, tamanho o labirinto criado pelo diretor. Mas, mesmo que você não entenda, não faz diferença. Cidade dos Sonhos é um túnel de sensações e um resumo da obra do cineasta. A principio sem pé nem cabeça, tudo parece se encaixar quando a história termina.



"Veja aqui o script oferecido à ABC .



A PARTIR DE AGORA, SÓ LEIA SE VOCÊ JÁ VIU.


"Hey, pretty girl, time to wake up." – Cowboy


Entendi o filme à minha maneira, já que Cidade dos Sonhos está aberto a um monte de interpretações diferentes. Talvez seja uma leitura bem linear da história. A abertura psicodélica já remete ao mundo dos sonhos. Depois ouve-se uma respiração e a câmera se aproxima de um travesseiro até "entrar" dentro da fronha. Na primeira parte do filme, Naomi Watts está sonhando: é uma grande atriz em ascensão, linda, angelical. Quando acorda é uma mulher sem atrativos, os dentes amarelados e uma vida obscura.

As chaves quentes


1. O filme se divide em duas partes: sonho e realidade.
2. Hollywood também é conhecida como a indústria dos sonhos e David Lynch aproveitou a deixa para fazer uma crítica aos magnatas do cinema.
3. A importância da chave azul.
4. Quando sonhamos com gente que nunca vimos, pode ser aquela pessoa que estava no ônibus ao nosso lado, de manhã. Ou seja, você vê um caubói numa festa e sonha com ele.
5. O nome no crachá da moça da lanchonete.
6. Em inglês, dr. também é abreviação de dream.
7. Às vezes, na vida real, você é Courtney Love, mas no seu sonho pode ser Sandra Dee.
8. Sentimento de culpa.
9. Matador profissional.
10. Eu te amo, você não me ama mais. Mas no meu sonho você me ama e muito.
11. O cineasta comendo o pão que o diabo amassou: vingança.
12. Quando Betty está num restaurante (onde aparece o caubói) o diretor de cinema anuncia a todos que ele e a protagonista do seu filme vão se casar. Uma lourinha beija a noiva na boca. Imagina-se que ela é a nova namoradinha da atriz. É a mesma garota que os produtores exigem para o filme. A que tem pistolão. This is the girl.
13: “Está na hora de acordar, garota”.

Nunca mais pude ouvir Crying sem sentir medo.


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David Lynch adorou a polêmica criada em torno de Cidade dos Sonhos e as mil conclusões que as pessoas chegaram depois de assistir o filme. Sites de discussão foram criados, divertindo o cineasta, que botou muita lenha na fogueira e indicando uma série de pistas, algumas aparentemente falsas:

- No começo do filme, depois dos créditos, duas pistas são reveladas. Fique atento para o que está escrito no letreiro luminoso.

- Qual o título do filme para qual o personagem Adam Kesher está realizando teste de elenco? Ele será mencionado mais de uma vez durante Cidade dos sonhos.

- O acidente é um importante acontecimento em Cidade dos Sonhos. Onde ele acontece?

- Fique atento para o roupão, o cinzeiro e a caneca de café.

- Que entrega a chave azul e por quê?

- Qual o mistério revelado no palco do Club Silêncio?

- Somente o talento de Camila pode ajudá-la?

- Fique atento para o objeto que está nas mãos do estranho homem que vive perto da lanchonete Winkie.

- Onde está tia Ruth?

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Se você quiser, conte como entendeu o filme.


Extra Em 2003 críticos do jornal inglês The Guardian fizeram uma enquete que apontou David Lynch como o maior cineasta da atualidade, seguido, na ordem, por Martin Scorcese, Joel e Ethan Coen, Steven Soderbergh, Terrence Malick, Abbas Kiarostami, Errol Morris, Hayao Miyazaki, David Cronenberg, Terence Oavies e Manoel de Oliveira.

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COMENTÁRIOS


Trata-se de um sonho e isso é evidente desde o início quando Betty Elm diz para "Rita", enquanto desfaz as malas "...E agora estou aqui, neste lugar de sonhos ("...and now I'm here in this dreamplace"). Hollywood é um sonho. A cidade dos sonhos. E nos sonhos fazemos aquilo que queremos. Descemos ao invés de subir, como a seqüência do acidente de Rita, que desce Mulholland Dr., assustada, para se abrigar no rico condomínio onde Betty é uma hóspede. Essa seqüência é oposta àquela da visita real de Diane, que sobe a mesma estrada para a festa de Camilla. Festa onde seus sonhos são destruídos da mesma forma que em um acidente.

Tudo é o contrário, Betty é alegre e vivaz. Diane é deprimida. Betty se veste de forma jovial e Diane usa camiseta e shorts surrados e um robe encardido. E por aí vai. O fato é que podemos tudo em nossos sonhos. Até mesmo evocar filmes antigos que também tratam de sonhos e expectativas. David Lynch já afirmou uma vez que Mulholland Dr. é o seu Sunset Blvd. e as coincidências são muitas. A começar pelos títulos abreviados (Dr./Blvd). Rita, assim como Joe encontra um lugar para se abrigar do perigo (ambos os perigos estão relacionados a automóveis) e acaba envolvida com a dona da casa. Joe e Diane sonham com o estrelato, enquanto Joe e Camilla acabam mortos por seus sonhos. As coincidências são inúmeras e as leituras intermináveis, é só rever esses dois filmes and it's all there.

Quanto à chave e à caixinha azul, como diz o próprio Lynch "Não faço idéia do que sejam".

(Maria Vitória Rosa)



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Comercial de David Lynch para a Sony




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História real




(The Straight Story)
EUA, 1999
De David Lynch
Com Richard Farnsworth, Sissy Spacek,Harry Dean Stanton


"O pior da velhice é lembrar-se da juventude." A.S.


Um David Lynch para toda a família, produzido pela Walt Disney. Particularmente, prefiro os outros. No entanto, o que seria do roteiro -glicose pura - na mão de um cineasta qualquer? Lynch consegue fazer de um road-movie country uma reflexão sobre a velhice, sobre estar jovem por dentro, mas não por fora.

Sabe quando nos outros filmes do diretor aparecem bombeiros numa cidadezinha pacata pra servir de contraponto para a história bizarra que ele pretende contar? Em História Real os protagonistas são os bombeiros.

Alvin Straight (R. Farnsworth) está doente, com cataratas, problemas nos quadris etc., que o impede de fazer um monte de coisas. Mas ele não está morto. E seu rosto (onde está contida toda a sua interpretação) é de um homem que já viu tudo. Além de ter perdido abruptamente o convívio com seus netos - o que torna sua filha (Sissy S.) um tanto atordoada, também matou sem querer um companheiro durante a guerra, pensando que se tratava de inimigo. É um cara durão, que dispensa os conselhos médicos e sabe que sua vida está quase chegando ao fim.

Seu temperamento vai se tornando mais doce no decorrer da aventura. Ao saber que o irmão, com quem é brigado há anos, teve um derrame, resolve visitá-lo. Como não tem carteira de motorista, faz de um tratorzinho de cortar grama uma espécie de trailer e atravessa de Iowa até Wisconsin (a mais de mil quilômetros de distância), numa velocidade de 20 km/h, encontrando pelo caminho solidariedade e algumas surpresas. Bom, não muitas. Se fosse um David Lynch para adultos, Alvin poderia esbarrar em coisas bem mais inquietantes, mas trata-se de uma viagem que realmente aconteceu e tal.

Durante o trajeto, ele encontra uma mulher desesperada por ter atropelado um veado na estrada, sendo que é o 13º que ela mata sem querer, e tem uma crise nervosa porque gosta dos animais. Na cena seguinte ele está assando pedaços do animal na fogueira, enquanto é observado por outros veadinhos. Foi a cena que mais gostei. Me pareceu tão triste quanto a velhice.

História Real foi bastante elogiado por sua delicadeza, e um dos adjetivos que mais mereceu foi comovente. Não sou punk nem nada, mas prefiro os enredos mais inquietantes e misteriosos. O cineasta discorda: "Embora mostre o campo e a vida cotidiana, a magia e o mistério estão muito presentes, como nos meus outros filmes".

O final é bonito porque Lynch interrompe o filme antes do clichê inevitável. Trailer.

Extra: Richard Farnsworth se matou pouco depois das filmagens. Nenhum animal foi sacrificado. O papel principal chegou a ser oferecido a Gregory Peck e John Hurt. Em 2005 David Lynch fundou a "David Lynch Foundation for Consciousness Based Education and World Peace", que pretende valorizar a ioga e através da meditação transcendental - que ele pratica há mais de 30 anos - promover a paz mundial.

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Semana David Lynch


Auto-retrato





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Exposição David Lynch


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Fundação Cartier, 2007
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A Estrada Perdida




(Lost Highway)
Eua, 1997. De David Lynch. Também co-autor do roteiro. Com Bill Pullmsn, Patricia Arquette, Marilyn Manson e David Lynch.

“Este filme trata apenas de uma relação de amor obsessiva, não tem que fazer sentido para os outros, é como caminhar na mente de alguém que está obcecado." – David Lynch


O saxofonista Fred Madison - Bill Pullman - desconfia que sua mulher Renné - Patricia Arquette - está sendo infiel. Como se não bastasse, o casal começa a receber fitas de vídeo anônimas mostrando a intimidade dos dois dentro de casa e, numa delas, Fred aparece ao lado da esposa assassinada, o que faz com que ele seja preso e condenado à morte.

Um filme com carimbo David Lynch, onde o espectador precisa ficar ligado, pescando uma coisa aqui, outra ali, para tentar compreender o que se passa na tela. Talvez ele a tenha matado, talvez não. As alucinações do protagonista e o clima do filme parecem preparativos do que estaria por vir, o incrível Cidade dos Sonhos. Apesar de a história ter como ponto de partida um crime, o que menos importa é saber seu autor. Num certo momento Fred Madison diz que gosta de lembrar das coisas "não necessariamente como elas aconteceram" e talvez isto explique um bocado. Numa outra cena, há um cachorro e uma piscininha de plástico com um barquinho flutuando. David Lynch gosta de provocar e mostrar que atrás das coisas aparentemente tranqüilas existe um mundo desconcertante e cheio de perversões. O cineasta é assim, dono de um cinema ousado e recheado de sensações. Entre no clima e boa viagem. Trailer.

extra Todos os móveis do filme foram feitos pelo diretor.


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Em águas profundas




Seria maravilhoso se o filme inteiro surgisse na minha cabeça. Mas, para mim, ele vem em fragmentos. O primeiro fragmento é como a Pedra de Roseta. É a peça do quebra-cabeça que orienta todo o resto. É a peça fundamental do quebra-cabeça.

Em Blue Velvet isso surgiu sob a forma de lábios vermelhos, gramados verdes e a canção "Blue Velvet" interpretada por Bobby Vinton. A idéia seguinte foi a visão de uma orelha sobre a relva. Foi assim.

Você tem que se apaixonar pela primeira idéia, por aquela peça. E quando se apaixona por ela, o resto vem com o tempo.


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Nicolas Cage


A música e o cinema 12



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FESTIVAL DAVID LYNCH


"Não emito comentários de direção nas cenas de making-of dos meus DVDs. Sei que as pessoas adoram os suplementos, mas, com todos os acréscimos d e hoje em dia, o filme parece ter se perdido. É preciso resguardar os filmes. Eles devem permancer intactos. Trabalha-se tanto para dar forma aos filmes; eles não deviam ser mudados. Os comentários do diretor só servem para abrir uma porta para que as pessoas confundam uma coisa em particular: o filme. Acho interessante contar histórias sobre os filmes, mas comentar como são filmados é um sacrilégio."

(Do livro Em Águas Profundas - Criatividade e Meditação, de David Lynch)

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Da série Melhores finais

Matt Damon


A música e o cinema 11




adoro a interpretação dele.

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John Williams


A música e o cinema 10



John Williams também compôs os temas musicais de Guerra nas estrelas, ET, Super-Homem, e Harry Potter, entre outros.

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Que roteiro você gostaria de ter escrito?




Cora Rónai, jornalista: La Nuit de Varennes, dirigido por Ettore Scola. O título em português é ridículo, "Casanova e a Revolução". O filme, aliás, é dedicado ao Sergio Amidei, que não chegou a vê-lo -- e que, só descobri no outro dia, é de Trieste, das bandas do lado italiano da minha família: fiquei toda prosa. Na verdade, gosto tanto deste filme que, se tivesse que escolher um só filme no mundo, talvez fosse ele.

Adriana Calcanhotto, cantora: Limite, de Mário Peixoto.

Tutty Vasquez, jornalista: Depois de Horas, de Martin Scorsese

Hélio de La Pena, humorista: Brilho Eterno de uma mente sem Lembranças.

Luiz Paulo Cuenca, escritor: Oito e meio.

Ignácio de Loyola Brandão, escritor: Fácil, fácil. Gostaria de ter escrito o roteiro de Oito e Meio, de Fellini. É o filme que mais gosto. Já assisti cerca de 108 vezes, desde que foi lançado.

Chacal, poeta: Terra em Transe.

Gilberto Braga: Se meu apartamento falasse.

Chico Buarque, compositor: Falcão Maltês.*


*não posso me responsabilizar 100% por essa resposta, pois ele não disse pra mim. Infelizmente, inclusive. Foi um rapaz chamado Gabriel, que trabalhava na Biscoito Fino que me falou quando pedi que perguntasse ao Chico, que estava na área.

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Gwyneth Paltrow


A música e o cinema 9


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Alguém tem que ceder




(Something's Gotta Give)
EUA 2003. De Nancy Meyer. Com Jack Nicholson, Diane Keaton, Keanu Reeves, Amanda Peet e Frances McDormand.

"Você é uma mulher feita para amar." - Harry


Nancy Meyer, roteirista e diretora, escreveu a história pensando em Diane Keaton e Jack Nicholson. Sem a dupla, o filme seria uma bobagem. Não sou de rir em comédias americanas, mas ri muito na cena que Diane Keaton descobre que trocou seus óculos com os de Jack, começa a chorar e não pára mais. Uma coisa bacana é ser uma comédia romântica com uma dupla bem acima dos 50. Não me lembro de nenhuma outra.

Harry é um sessentão que só quer saber de mulheres jovens. Erica é uma dramaturga conceituada que, coincidentemente, é a mãe de sua namorada atual.

Keanu Reeves e Amanda Peet são colírios. Jack Nicholson mostra a bunda (“Tenho muito orgulho do meu traseiro. Queria que o colocassem no pôster do filme") e Diane Keaton foi corajosa ao se mostrar nua perto dos 60, ainda que rapidamente. "Não foi difícil porque eu tive que demonstrar o que realmente estava sentindo, que era muita vergonha", contou a atriz. Esqueça da vida; faça pipocas.

O cd é superbacana. Tem Astrud Gilberto cantando '"Samba de Verão"; tem "Aquarela do Brasil"; e Heitor Pereira mandando bem com “Remeber me”. Louis Armstrong, Jimmy Cliff e Paul Simon também fazem parte da trilha sonora.

Uau! Jack Nicholson cantando La Vie en Rose, quando sobem os créditos.

Veja o trailer aqui.



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Hugh Grant


O cinema e a dança 6




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Oito e meio





(8 1/2)
França/ Itália, 1963. Roteiro e direção de Frederico Fellini. Com Marcello Mastroianni, Claudia Cardinali, Anouk Aimée. Oscar de melhor filme estrangeiro.



"Em que momento errei o caminho?" - Guido


Sem inspiração para criar, o diretor de cinema Guido Anselmi (Mastroianni) não consegue realizar seu filme, enquanto os produtores se desesperam e os técnicos fazem um cenário gigantesco. O personagem, claramente autobiográfico, é guiado pelo seu inconsciente, por onde passeiam as mulheres da sua vida, a primeira prostituta, a corista já envelhecida, a amante fútil e a esposa elegante. As fantasias (mulheres num harém imaginário, felizes e prontas para servi-lo), se juntam às lembranças da infância marcada pela repressão católica, embebidas na atmosfera circense que Fellini tanto gostava. A música de Nino Rota contribui para dar ao filme um clima onírico. Genial.

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Jantar na casa de Fellini: quando Ingmar [Bergman] sentou-se num canto com Giulietta Masina, ela perdeu sua timidez e começou a cantar. Uma voz alta, clara, como a de uma criança.
- Não posso sair da sala um minuto sem que minha mulher faça alguma tolice, disse Fellini, à porta. Ela se levantou depressa. Não respondeu. Através da janela da varanda, a vi caminhar pelo jardim, colhendo flores das árvores. Mais tarde, entrou novamente e deu uma a cada um de nós. Sorria o tempo todo. Mas, quando se movimentava, era nas pontas dos pés - para ninguém notá-la." (Liv UlImann - Mutações)

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